Copom, FED e as taxas de juros
2024-09-30 13:54:36O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BCB) aumentou a taxa básica de juros (Selic) em 0,25% alcançando agora 10,75% ao ano (gráfico 1). É o primeiro aumento dos juros desde agosto de 2022 e o primeiro durante o mandato do presidente Lula. O aumento da Selic se dá em um contexto do aprofundamento inflacionário e uma expectativa de inflação maior para esse ano. O mercado, por sua vez, aponta que esse foi apenas o primeiro aumento da taxa Selic ainda esse ano, o que já não surpreende o governo. Por sua vez, o FED – banco central americano – reduziu a taxa básica de juros. E isso também tem efeito por aqui.
O comunicado da reunião do Copom de setembro foi entendido como duro pelo mercado. O comitê destacou que o dinamismo maior do que o esperado dos indicadores de atividade e do mercado de trabalho foi a justificativa para a decisão unânime de elevar a taxa básica de juros em 0,25%. Destacou ainda que o ritmo de ajustes futuros será ditado pelo compromisso de manter a inflação dentro da meta estipulada para esse ano (que é 3% podendo variar em 1,5% para mais ou para menos).
A elevação da taxa básica de juros já era esperada pelo mercado em função do aprofundamento do processo inflacionário que vem ganhando força (gráfico 2). No mês de julho, o IPCA – índice de inflação oficial – bateu no limite superior da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) (4,5%). Em agosto, entretanto, o IPCA apresentou queda de -0,02%, isto é, uma desaceleração de 0,4% após o avanço de 0,38% em julho. Esse dado veio levemente abaixo da expectativa do mercado, que esperava alta de 0,01% no mês e avanço de 4,30% no acumulado dos últimos 12 meses. Segundo o IBGE, o resultado foi influenciado pela queda em Habitação (-0,51%), após redução nos preços da energia elétrica residencial (-2,77%), e Alimentação e bebidas (-0,44%), com a segunda queda consecutiva da alimentação no domicílio (-0,73%).
Já o Federal Reserve (Fed) – o banco central americano – diminuiu a taxa de referência em 0,5%, colocando os juros dentro de um intervalo de 4,75% a 5% ao ano. O tamanho do corte surpreendeu parte do mercado americano, que passou a especular se o ciclo poderia ser ainda mais agressivo. Mas o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que a política monetária será ajustada conforme a evolução da economia a depender dos indicadores que forem sendo conhecidos (portanto, reunião a reunião).