Os desafios da Expointer 2024
2024-08-28 16:59:32Por Carlos Gilbert Conte Filho
A 47ª Expointer – a maior feira agropecuária ao ar livre da América Latina – será uma feira diferente das edições anteriores. Após as enchentes de maio, o desafio agora refazer e reerguer a Feira, mobilizar os produtores e a agroindústria e indicar uma retomada do agronegócio, principal componente da economia gaúcha. Mesmo ante as dificuldades provocadas pelas inundações, as entidades promotoras optaram por manter a data do evento, que vai do dia 24 de agosto e segue até 1º de setembro. Em 2024, será uma feira da resiliência.
Em 2023, a Expointer reuniu 822 mil visitantes e comercializou aproximadamente R$ 8 bilhões, números recordes entre todas as edições da Feira, o que elevou a expectativa para a edição deste ano. Ocorre que as enchentes de maio castigaram grande parte do Estado, incluindo o parque Assis Brasil cuja área de 141 hectares foi quase toda submersa, provocando danos estruturais em alguns pavilhões. E esses danos tiveram de ser contornados em tempo recorde.
A edição deste ano é marcada por um contexto especial, sendo chamada de "Expointer da Reconstrução e da Retomada". Muitos produtores e empresas do setor agropecuário enfrentaram grandes desafios. Nesse contexto, e a Feira surge como um símbolo da recuperação e da resiliência dos gaúchos. É em função das dificuldades e obstáculos que são vividos até hoje – mesmo passados quatro meses das enchentes – que, ao contrário de edições anteriores, em 2024, não haverá, por parte dos organizadores, uma projeção do volume transacionado durante a Feira. O intuito, neste ano, é muito maior, isto é, o de reconstruir e de reerguer o setor primário da economia gaúcha. Mas também não será por isso que os negócios serão mitigados. As expectativas são boas: espera-se transacionar em torno de R$ 7 bilhões durante os nove dias da Feira.
Mesmo ante a tragédia climática que assolou o Estado, a Expointer dá sinais de força. O Pavilhão da Agricultura Familiar (PAF), contará com 413 empreendimentos. Na comparação com o ano passado, que teve 372 presentes, serão 41 expositores a mais. As mulheres estarão em destaque nesta edição, já que o número de empreendimentos liderados por elas também cresceu. Em 2024, são 217, superando os 148 do ano passado. Estarão presentes, ainda, 126 jovens na liderança de empresas (em 2023, foram 87).
Ademais, a 47ª Expointer deve apresentar boas oportunidades de negócios, uma vez que maiores dificuldades foram impostas aos produtores neste ano. Nesta edição são projetadas vendas com liquidez, com preços e condições atrativos para sustentar fluxo de caixa e renovar os plantéis. Nisso há dois horizontes. Por um lado, e de acordo com especialistas do setor, os preços atuais estão pelo menos 30% abaixo do ideal, visto que o Estado não vive o melhor momento da pecuária. Por outro lado, já se vislumbra um cenário de preços em ascensão, por conta da menor oferta e da ampliação dos mercados de carne, para os Estados Unidos. O que se impõe é que agora o criador será mais cauteloso, segurando um pouco sua produção, mas efetuando os negócios necessários para fazer seu mercado girar (mesmo ante a preços mais baixos). Com cotações não tão positivas para o vendedor, o importante é que esses consigam ultrapassar a fase mais ajustada.
As agências de fomento estão fazendo a sua parte. A título de ilustração, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) disponibilizará R$ 350 milhões para novos financiamentos. Apostando na força do agro para impulsionar a economia do Rio Grande do Sul após os impactos dos eventos climáticos, o banco disponibilizará linhas de crédito que contemplam investimentos para ampliar a capacidade de armazenagem, estrutura de irrigação, geração de energias com fontes renováveis e aquisição de máquinas e implementos. Por sua vez, o Badesul, agência de fomento vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), disponibilizará R$ 117 milhões em recursos próprios para o Plano Safra 2024/2025 durante a Expointer 2024 (em 2023, foram R$ 50 milhões). Neste ano, serão dispensadas as taxas de análise, acompanhamento e fiscalização de projetos de investimento para produtores rurais. Os clientes empresariais, por sua vez, terão redução de 25% na tarifa, incidente sobre as solicitações de financiamentos de projetos captados na feira.
Resta saber como o setor do agronegócio vai responder a Feira depois dos eventos climáticos de maio. A expectativa é grande: todos os participantes estão engajados em fazer desta uma Feira diferente e ainda melhor das vivenciadas em edições anteriores, mostrando a força do setor no Rio Grande do Sul para todos aqueles que participam do evento. A Feira é e continuará sendo o ponto alto para o principal setor da economia gaúcha.
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