Queda da inflação de alimentos
2025-02-28 17:23:46Por Carlos Gilbert Conte Filho
De acordo com o IBGE, a prévia da inflação de fevereiro apresenta desaceleração nos preços dos alimentos, ou seja, subiram menos do que em janeiro. O IPCA-15 – o qual mede a inflação até o dia 15 considerando famílias com rendimentos entre um e 40 salários mínios funcionando, assim, como uma prévia da inflação oficial no mês – indica que, em fevereiro, a alta dos preços dos alimentos foi de 0,61%, a menor desde setembro de 2024 (quando subiu 0,05%). Embora a melhora no emprego e o avanço da renda estejam sustentando o consumo, a inflação de alimentos vem pressionando o poder de compra (sobretudo das famílias menos abastadas). E sendo assim, tem se tornado cada vez mais uma preocupação para o governo.
Em fevereiro, os alimentos tiveram impacto de 0,14% da taxa de 1,23% do IPCA-15 devido, em parte, pela alimentação no domicílio que subiu 0,63%, abaixo do índice registrado em janeiro (1,10%) (gráfico 1 e 2). É importante lembrar também, que a inflação de alimentos recai majoritariamente sobre as famílias mais pobres, já que essas comprometem uma parcela maior da renda para alimentação do que as famílias mais ricas. A estimativa é de que 25% da renda das famílias que recebem até dois salários-mínimos estejam comprometidas com alimentação.
Os principais aumentos da classe “alimentação e bebidas”, até a metade do mês de fevereiro, vieram da cenoura (17,62%) e do café moído (11,63%). Já entre as quedas, destacam-se a batata-inglesa (-8,17%), o arroz (-1,49%) e as frutas (-1,18%). A alimentação fora do domicílio também desacelerou, passando de 0,93% para 0,56%, em fevereiro. Dentro desse segmento, tanto a refeição (0,43%) quanto o lanche (0,77%) apresentaram variações menores do que em janeiro (0,96% e 0,98%, respectivamente). A tabela 1 sintetiza o comportamento dos preços das nove subclasses que compõe o IPCA-15 entre janeiro e fevereiro.
Apesar da desaceleração no índice geral do IPCA-15 de fevereiro, a inflação dos alimentos, no acumulado de 12 meses, segue acima da inflação geral, com fatores climáticos influenciando a alta dos preços. Enquanto o IPCA-15 soma 4,96% no período, o grupo de alimentos e bebidas registra 7,12%. Em janeiro, esse acumulado era de 7,49% e, em dezembro, 8%. Ou seja, embora ainda elevado, o índice apresenta tendência de queda.
Para conter a escalada dos preços dos alimentos, o governo – cuja aprovação está em baixa – tenta buscar meios para contornar a questão. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a primeira providência para tratar da inflação de alimentos é fazer planos safras cada vez mais robustos, maiores e melhores. Nesse sentido, o ministro indica que assim que o Orçamento for aprovado (previsão para a primeira quinzena de março), será lançado o Plano Safra para a próxima safra visando a ampliação da produção. Ainda, o presidente Lula comunicou que vai chamar atacadistas para uma reunião junto ao governo federal como forma de tentar encontrar uma alternativa para baixar os preços dos alimentos.
Ressalta-se, por fim, que das nove classes que compõe o IPCA-15, apenas duas apresentaram aceleração na passagem de janeiro para fevereiro: habitação (onde está incluída a energia elétrica) (de -3,43 para 4,34%) e educação (de 0,25 para 4,78%), o que foi suficiente para impulsionar o índice geral (de 0,11% em janeiro para 1,23% em fevereiro). Sendo assim, observa-se que no acumulado em 12 meses o índice aumentou, o que faz com que a mediana da expectativa de inflação para 2025 tenha sido elevada pela 19ª semana consecutiva (agora em 5,65%), segundo o relatório Focus, do Banco Central (BC). Para 2026, a mediana das expectativas para o IPCA também foi ajustada para cima (atualmente em 4,40%). Para 2027, está estagnada nos 4,00%. Ocorre que se as expectativas de inflação se comprovarem, a possibilidade de queda da taxa de juros fica adiada, uma vez que o foco da autoridade monetária será o de manter o arrocho monetário visando controlar os preços. Contudo, a boa notícia é a desaceleração dos preços dos alimentos. E o governo deve comemorar, já que a inflação dos alimentos é ponto focal na crescente desaprovação do governo Lula 3 até o momento.
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