O PIB em 2024
2025-03-28 15:06:11Por Carlos Gilbert Conte Filho
De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) da economia brasileira cresceu 3,4% em 2024. Em termos nominais, totalizou R$ 11,7 trilhões no ano. O crescimento foi mais forte do que o observado em 2023, quando a atividade do País cresceu 3,2% (gráfico 1). A taxa de 2024 também foi a maior registrada desde 2021. O resultado, no entanto, veio abaixo das expectativas do mercado financeiro, que projetava uma alta maior, de 4,1% no ano.
Pelo lado da oferta, em 2024, os serviços cresceram 3,7%; a indústria 3,3%; e a agropecuária caiu -3,2%. Já pelo lado da demanda, o consumo das famílias cresceu 4,8%; o consumo do governo 1,9%; os investimentos 7,3%, as exportações 2,9% e as importações 14,7%.
Observa-se que, pela ótica da produção brasileira, os maiores estímulos para o crescimento da atividade econômica vieram dos serviços e da indústria. Entre os dois setores, três atividades se destacaram: o comércio (com alta de 3,8%), a indústria de transformação (também de 3,8%) e as outras atividades de serviço (5,3%). Juntas, essas três atividades econômicas foram responsáveis por cerca de metade do crescimento do PIB em 2024.
Apesar dessas atividades representarem um maior peso na composição do PIB, outras também apresentaram altos níveis de crescimento. Nos serviços, todas as atividades cresceram no ano: além do comércio e das outras atividades de comércio, informação e comunicação (6,2%); atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (3,7%); atividades imobiliárias (3,3%); transporte, armazenagem e correio (1,9%); e administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (1,8%) também avançaram. Esse crescimento foi puxado, sobretudo, pelo crescimento do consumo das famílias ao longo do ano, impulsionado principalmente pelos estímulos fiscais dados pelo governo e um mercado de trabalho aquecido.
Já na indústria – além da área de transformação –, a construção também teve um grande peso na alta do PIB, com crescimento de 4,3%, assim como a indústria de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (3,6%) e as indústrias extrativas (0,5%). Segundo o IBGE, um conjunto de fatores foi responsável pelo crescimento da indústria no ano: (i) o crescimento da ocupação na atividade da produção de insumos típicos e da expansão do crédito para a construção; (ii) a alta na fabricação da indústria automotiva de equipamentos de transporte, máquinas e equipamentos elétrico, produtos alimentícios e móveis para a indústria de transformação; (iii) e o aumento das temperaturas médias do ano contribuindo para o crescimento da indústria de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos.
Olhando para o setor de agropecuária (-3,2%), a retração observada no ano passado é consequência, principalmente, do fraco desempenho da agricultura, que sofreu com os fenômenos climáticos. Efeitos climáticos adversos impactaram várias culturas importantes, ocasionando quedas em suas estimativas anuais de produção, com destaque para a soja (-4,6%) e o milho (-12,5%)
Pelo lado da demanda, Consumo das famílias avançou 4,8% em relação a 2023. O avanço é atribuído aos programas de transferência de renda do governo, à melhoria do mercado de trabalho e aos juros que foram mais baixos (em média) do que em 2023 (ainda que tenham subido no final do ano). O Brasil terminou 2024 com a taxa de desemprego em 6,6%, a menor já registrada. Já a despesa do governo teve crescimento de 1,9% no ano.
Impulsionados pelos crescimentos da produção interna, da importação de bens de capital, da construção e do desenvolvimento de softwares no país, os investimentos no Brasil (formação bruta de capital fixo) cresceram 7,3% em 2024. Com crescimento em todos os seus componentes, o grande destaque foi o segmento de máquinas e equipamentos que cresceu 12% após a queda de 8,4% em 2023.
Com a queda do agro – setor que foi o responsável por puxar boa parte do crescimento econômico de 2023 –, as exportações brasileiras também desaceleram: houve um crescimento de 2,9% no montante exportado em 2024, contra uma alta de 9,1% no ano anterior. Por sua vez, As importações de bens e serviços apresentaram alta de 14,7% em 2024, o que se deve, em grande parte, ao aumento do consumo das famílias.
Embora a economia tenha crescido substancialmente ao longo de 2024, o último trimestre do ano evidenciou uma desaceleração: entre outubro e dezembro, o PIB cresceu 0,17% (contra altas mais expressivas de 0,75% no terceiro trimestre, de 1,99% no segundo e de 0,99% no primeiro) (gráfico 2).
Essa desaceleração é consequência de uma redução de -1,0% no consumo das famílias no último trimestre do ano. Como esse foi o motor do crescimento no ano, a redução no quarto trimestre também impactou o PIB do período. Ainda, os investimentos cresceram 0,4%; o consumo do governo 0,6%; as exportações retraíram -1,3%; e as importações caíram -0,1%.
Pelo lado da oferta, a indústria teve um desempenho menor no último trimestre: alta de 0,3%. Antes, no terceiro trimestre, o crescimento foi de 1%. No segundo trimestre, alta foi de 0,7% e, no primeiro, de 0,5%. Já os serviços cresceram modestos 0,1%. A agropecuária, por sua vez, viveu um período mais difícil ao longo de quase todo o ano: no primeiro trimestre do ano houve crescimento de 5,8%; porém, no segundo (-2,3%), terceiro (-1,1%) e quarto (-2,3%) o setor teve uma sequência de quedas.
É com esse pano de fundo de desaquecimento da economia no quarto trimestre de 2024 que o mercado projeta um crescimento cada vez menor para o PIB em 2025. De acordo com o Boletim Focus do Banco Central, a expectativa para esse ano, atualmente, é de crescimento do PIB de 1,98% (gráfico 3).
Um dos fatores responsáveis pela perda de ritmo da economia no final do ano é reflexo da ação do Banco Central, que aumentou os juros para conter a inflação. Outro aspecto a ser considerado é a redução da demanda externa, o que pode ter limitado o crescimento das exportações. Logo, para 2025, o ritmo da economia deve continuar desacelerando, dado que o cenário base é de um aumento da taxa de juros pelo Banco Central. Além disso, o ambiente externo segue desafiador, com maior incerteza global, o que pode afetar tanto a demanda por exportações brasileiras quanto a confiança dos investidores.
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