Por Carlos Gilbert Conte Filho.
A política monetária contracionista que elevou e manteve a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% está dando resultados e atingindo o objetivo proposto: o processo inflacionário vem perdendo força. Com isso, o mercado projeta um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) abaixo dos 5,80% para 2022. Contudo, mesmo em rota de queda, o IPCA ainda está acima do teto da meta de 5% estipulada para 2022. Não obstante, o crescimento do produto em 2023 reflete essa taxa básica de juros elevada. O que esperar em relação a inflação e ao crescimento da economia para o futuro é que esse texto visa elucidar.
Em novembro, o IPCA desacelerou e registrou alta de 0,41%– mesmo pressionado pela alta de preços de vestuário, combustíveis e alimentos. Esse número, contudo, veio abaixo do esperado pelo mercado que projetava alta de 0,55% na comparação mensal com outubro (cuja alta foi de 0,59%) (gráfico 1).
Contudo, ao sancionar a lei que prevê novas diretrizes para o orçamento de 2023 – leia-se PEC da Transição – a expectativa do novo governo é a de que o PIB possa crescer 2,5% no próximo ano devido a política fiscal expansionista que pretende implementar. Ocorre que não existe almoço grátis: há aqui uma escolha a se fazer: um maior gasto público proporcionaria um melhor desempenho da economia, mas ao custo de mais inflação. Sendo assim, ao optar por estimular a economia – contrariando a expectativa do mercado para o desempenho da atividade econômica em 2023 – é muito provável que os índices de preços voltem a ganhar força. E ao que tudo indica, o governo Lula já fez sua escolha: optou por fazer a economia crescer em detrimento de controlar o processo inflacionário. Lembrando sempre que a inflação corrói o poder de compra da população, sobretudo da população mais desfavorecida e que ganha salários modestos. Logo, há de se ponderar que o benefício momentâneo advindo do crescimento econômico acima do esperado, pode ter um custo (principalmente para os mais desfavorecidos) ainda mais adverso no futuro quando for imperativo, mais uma vez, controlar a escalada de preços.